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sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

E como será estar ligado a este 'mundo' 24h por dia?

Foi esta a pergunta que fiz para mim ao entrar na associação pela primeira vez e à qual respondi mais tarde que certamente seria óptimo.
Os guinchos agudos que se fizeram ouvir à entrada entoaram na minha cabeça de uma forma estonteante. Fiquei assustada confesso, e a ideia de que me iria ligar a este novo mundo fazia-me temer toda esta ideia do voluntariado.
Mas lá fomos nós não é, porque quem não arrisca não petisca... e acreditem que não me arrependo em nada de ter avançado !
Os primeiros instantes de conversação com a assistente social foram estranhos, não sabíamos bem o que dizer e estávamos um bocado tímidos com aquela nova situação, mas o conhecer as pessoas que lá trabalham, o conhecer a estrutura da instituição foi o culminar de uma esperança arrebatadora.
Mas calma, eu não vou tocar mais nesse assunto, porque o Rafael já deixou claro que aquilo é um máximo em termos de condições, portanto vou antes explicar o que é sentir na pele o primeiro contacto.

Eu confesso que sou um bocado sensível e já sabia de antemão que não iria sair pela porta que entrei sem que os meus olhinhos se humedecessem. E não é que nos mostraram a sala de actividades, repleta de seres humildes, alegres e simpáticos e que 3 deles vieram de imediato ao nosso encontro para nos saudar? Juro que foi um primeiro encontro tocante. E ao virar da porta, encontramos o Tó. Foi ele que me deu a melhor saudação possível.
Chegou-se a mim e tomou-me a mão. Eu não a retirei. Ele beijou-a e abraçou-me, como se eu fosse uma pessoa que ele já conhecia desde sempre ou até alguém por quem nutria um carinho enorme. Após isto, disseram-lhe que ele já não poderia ir com as auxiliares a um local... o rosto dele esmoreceu e pôs em prática uma espécie de birra - admiro-lhe a esperteza - mas ele tem problemas de coração e não pode fazer esforços muito intensos. Para evitar a birra, a assistente social pergunta-lhe:
- ó Tó, não gostas da andreia?
Ele acena afirmamente com a cabeça. Abracei-o. O meu coração derreteu instantaneamente.
Ele teve de se retirar para a sala de actividades e nós tínhamos de prosseguir a visita guiada, mas assim que ele virou as costas, a emoção tornou-se maior que o meu metro e setenta. Tentei-me controlar, e até consegui não me desmanchar a chorar, mas achei incrível o amor que estes seres humanos partilham à primeira instância. Adorei, e saí de lá feliz como os meus companheiros, aposto, pois afinal, e como diz um anúncio na televisão, "existem histórias escritas com o coração e com a tinta da esperança"... e quase que aposto que esta será uma delas.


beijinhos, Andreia (:

8 comentários:

  1. Perdendo um pouco do nosso tempo, e mesmo achando que é pouco, podemos ajudar muito quem de nós precisa.
    Este relato da abordagem do "Tó" descreve, não só isso, mas também que nos podemos sentir realizados ao ajudar quem mais precisa.

    Parabéns pela ideia que tiveram.
    Continuação de bom trabalho.

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  2. Para a felicidade alcançar, nada mais é necessário do que um ser-humano ajudar.
    Saber que vocês não estão a levar este projecto de voluntariado só para conseguir uma nota, mas sim porque querem fazer a diferença e sentirem-se bem com o que fizeram, merece, na minha opinião, ser congratulada ;)

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  3. Ao ler este post, foi como se estivesse lá a ver tudo... Este é um tema que precisa de ser dado a conhecer ás pessoas pois esse ''mundo'' nao é muito conhecido e as pessoas devem ser sensibilizadas para tal. Cada ajuda por pequena que seja é ''grande'' e para eles o pequeno facto de terem pessoas que lhes dêm um pouco de carinho é muito bom.. Continuem o trabalho, estou a gostar :)

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  4. Lutem por estas pessoas! são uns verdadeiros herois! Parabéns a todos que se interessam não só por esta causa mas por todas as outras, não podemos retirar a sua deficiencia mas podemos melhorar a sua qualidade de vida, que tanto merecem!

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  5. Assim, sim, dá gosto. Ver que 4 jovens aproveitam o "seu" precioso tempo para fazer aquilo em que muitos e muitos adultos (já bem adultos) nem sequer pensam. Força com a iniciativa; acredito e sei que vão aprender muito e receber muitas vezes mais que aquilo que vão entregar. Abraço

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  6. E como diz outro anúncio de televisão: "Há coisas fantásticas, não há??".
    É fantástico o que voces estão a fazer, tenho a certeza que vão provocar muitos sorrisos e receber muitos abraços sinceros.
    E vai ser essa a vossa maior recompensa!

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  7. folgo em saber que se interessam por este tipo de assuntos e, mais importante que tudo, se sentem felizes ao ajudar quem mais precisa de apoio e carinho.
    boa sorte e bom resto de trabalho!

    p.s. adorei o teu portugues, andreia

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  8. (...)"E ao virar da porta, encontramos o Tó. Foi ele que me deu a melhor saudação possível.
    Chegou-se a mim e tomou-me a mão. Eu não a retirei. Ele beijou-a e abraçou-me, como se eu fosse uma pessoa que ele já conhecia desde sempre ou até alguém por quem nutria um carinho enorme. (...) Para evitar a birra, a assistente social pergunta-lhe:
    - ó Tó, não gostas da andreia?
    Ele acena afirmamente com a cabeça. Abracei-o. O meu coração derreteu instantaneamente."
    Nênem, fico comovida por cada palavra tua! Força nisso pessoal, o que vocês estão a fazer é algo inexplicável, ninguém consegue pagar um sorriso que vocês provocam nessas crianças, hoje não e um bom dia para expressar tudo o que quero, mas desejo-vos tudo de bom, a ver se as pessoas captam esta mensagem, para que o mundo melhore, temos de ser uns para os outros, não é?

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