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terça-feira, 8 de junho de 2010

E como é fazer voluntariado com deficientes?

      O voluntariado com deficientes tem muito que se lhe diga. Não é apenas uma questão de ir a um local fazer jogos ou outras actividades com estas pessoas e animá-las. É muito mais que isso. É essencialmente uma formação pessoal. A experiência de vida que se ganha ao conviver com pessoas assim é incalculável. A partir do momento em que entrei pela primeira vez na sala de convívio da associação APADP, houve em mim um turbilhão de sensações que não sei se consigo explicar claramente. Uma parte de mim, apercebeu-se realmente das dificuldades que aquele trabalho representava, e acobardou-se ligeiramente. Mas houve outra que ficou comovida com aquelas pessoas simples e humildes com que eu tinha acabado de me encontrar. Depois de convivermos com pessoas assim, quase todos os problemas que temos no nosso dia-à-dia, ou que pensamos que temos (porque acreditem ou não muitos dos nossos problemas são criados por nós), perdem o sentido. Reparem na humildade daquelas pessoas. Acham que eles vivem tristes por terem nascido diferentes? Acham que eles param para pensar e para se entristecerem com o assunto? Não. Estas pessoas vivem em problemas que nós não conseguimos imaginar, mas vivem felizes na sua simplicidade.
       Porém, a convivência com estas pessoas não é um mar de rosas e de sentimentos positivos. Imaginem que vocês tinham dores ou outros problemas físicos, mas perante um médico, não se conseguiam explicar e comunicar com ele. Pois é exactamente isto que acontece a muitos indíviduos deficientes. O que é que se pode fazer? Bem o médico pode tentar conviver com o deficiente para se aperceber de qualquer sinal que identifique os seus problemas. Mas mesmo assim isto pode não acontecer ou pode não resultar. O que é que se faz então? Nada. Absolutamente nada. Estes seres humanos são deixados assim a sofrer, por não saberem comunicar e não se poder dizer qual o seu problema. São deixados com dores e uma série de problemas que ninguém consegue tratar. É claro que não podemos censurar os médicos e o pessoal docente. Eles fazem na maior parte das vezes o seu melhor, mas é mesmo muito dificil tratar de pessoas assim. É horrivel de pensar não é? E não é só isto. E quantas mães já foram abandonadas ao terem filhos deficientes? Quantas mães tiveram de os criar sozinhas, com poucos recursos e sem ajuda de uma figura paterna? Imaginem-se nesta situação. Quantas famílias deixaram de poder tomar conta dos seus filhos deficientes, foram tentar colocá-los em instituições e encontraram nas lotadas? Quantos casais rejeitam os seus filhos deficientes e deixam que atrocidades lhes aconteçam?
       São problemas que nunca mais acabam. Mas graças a deus, existem instuições e pessoas que dedicam a sua vida ao bem estar destas pessoas. Existem também casais que criam de boa vontade os seus filhos que nascem diferentes. São coisas como estas que me fazem acreditar que o mundo não está perdido e que ainda é possivél encontrar pessoas boas.
       Em relação ao nosso projecto, posso vos dizer que correu bem durante o ano lectivo apesar de alguns percalços. Penso que o ponto mais alto foi a palestra que conseguimos realizar na nossa escola com uma figura pública que deve ser vossa conhecida chamada, Bibbá Pitta uma vez que esta senhora, que gostei bastante de conhecer tem uma filha com Síndrome de Down. De momento existem outras prioridades como os exames que estam aí a chegar, mas depois farei, ou o meu grupo fará um post sobre a palestra.
      Quanto a este blog, bem posso dizer que da minha parte vou me esforçar para que ele não "morra", por assim dizer. Estava a pensar em expandir este blog não só à Trissomia 21, mas à deficiência humana no geral já que o ano lectivo está no fim e o nosso projecto acabou, agora temos mais liberdade para o fazer. Um dos objectivos continua a ser informar as pessoas e lutar contra a descriminação. Não vos posso garantir a 100% que este blog não vai acabar ou ficar parado. Mas pelo menos da minha parte vou tentar que isso não aconteça. O mesmo acontece com as nossas sessões de voluntariado. Bem, não tenho muito mais a dizer por agora, por isso até ao próximo post.

Fiquem bem =)

Rafa

5 comentários:

  1. Boa noite, muito me agradou ler este parecer sobre o voluntariado e sobre o trabalho que foi desenvolvido.

    Como mãe, dou-vos os parabéns pela iniciativa e fico feliz por serem aliados nesta luta contra o o preconceito, na divulgação da informação e pela vossa humanidade!

    Espero, de facto, que o blog não fique por aqui...

    Um abraço!

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  2. Obrigado por tudo o que escreveram...
    Sou visitante assidua do vosso blog e pedia-vos muito que não deixassem cair esta ideia "por terra".
    Não sei se têm conciência disso, mas as palavras aqui escritas em muito me ajudaram e ajudam a ultrapassar ou pelo menos lidar com o menino dos meus olhos, o Dinis, que é portador de trissomia 21. Depois, de uma história muito peculiar, o Dinis tem saúde, é inteligente e, principalmente, é um menino muito feliz!

    Posso dizer que todos voces também colaboraram para que isso fosse possivel =)

    Beijinhos,
    Raquel

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  3. Olá, desde já queria deixar aqui os meus parabens aos fundadores do blog, pois foi uma grande ideia, e em portugal é necessário começar com coisas como esta, num país como o nosso em que as diferenças estão acima de tudo e que essas pessoas têm um lugar diferente na sociedade é pura estupidez.

    Têm o meu apoio para o que for necessário, abraço a todos e coragem para manter este blog de pé.

    ;)

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  4. Admiro bastante o vosso trabalho. Tenho aprendido muito convosco. Apesar de serem muito jovens, mostram uma grande maturidade.

    Gostava que continuassem com este blog,têm o meu apoio.

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  5. Fico contente por ver que este projecto correu tão bem e por ver que o blog continua de vento em popa, fico muito feliz por vocês. Continuem com o bom trabalho, vocês são os maiores! ;D

    Tatch

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